Nossa pecuária, nossas raízes

Parabéns aos gaúchos e gaúchas pela Semana Farroupilha e pelo 20 de setembro, período que comemoramos a Revolução dos Farrapos e, principalmente, os nossos costumes, a nossa forma de ser e fazer, enfim a nossa cultura. Um aspecto muito relevante em nossas comemorações, e ao meu ver o principal, é o momento de congratulação com os amigos, venerando nossas raízes e mostrando aos amigos não gaúchos um pouco da nossa história e tradições.

Não preciso me alongar muito para dizer que a Pandemia que se abateu sobre o nosso planeta alterou nossas rotinas, cotidianos e alterou nossas comemorações e aí incluída a nossa Semana Farroupilha. Os tradicionais acampamentos, rodeios e festividades estão sobrestados esse ano. Os shows tiveram que se reinventar e agora ocorrem pelas plataformas digitais (youtube, facebook, instagram e etc).

Embora não possamos congregar nesse grande festejo cultural que é o mês farrapo, não será a Covid-19 que diminuirá o nosso orgulho do que somos e de como foi forjada a nossa identidade cultural. Seguiremos conscientes da necessidade de mantermos vivas e bem nutridas nossas raízes, para que possamos seguir crescendo com autonomia e identidade. Como disse o filósofo José Martí – “Ningun pueblo es dueño de su destino si antes no es dueño de su cultura”.

Tal afirmação não significa que devemos seguir rigorosamente os costumes tal como eram na época da revolução farrapa, devemos evoluir, agregar tecnologias e aprimorar as nossas lidas diárias, recontextualizando e criando novos costumes.

Escrevi nesse espaço ano passado sobre a pecuária bovina e sua importância para formação do nosso Estado e da nossa cultura. A pecuária bovina e ovina tradicional de corte em campos naturais, com os campeiros e suas lidas, e a perpetuação desse sistema, inclusive agregando as novas tecnologias de manejo (genética, melhoramento de campo, etc) se revestem de verdadeiro patrimônio cultural imaterial do gaúcho.

Nosso Estado e parte dos nossos produtores possui vocação para a pecuária tradicional de corte. Pecuária esta que respeita o meio ambiente, mantem a biodiversidade e o bioma, respeita a saúde do consumidor entregando alimentos e matérias primas de qualidade, respeita o bem-estar dos animais e mantém milhares de famílias no campo.

Embora possua as qualidades acima descritas e outras mais, há uma forte campanha contra a pecuária e o consumo de carne. Uma campanha que se utiliza da desinformação e propositalmente trata as pecuárias como algo homogêneo, não distinguindo as boas práticas e não apontando soluções, mas apenas atacando.

Nessa campanha e em tempos de “lives” e redes sociais surgiram os tais “influencers digitais” que, no mais das vezes, criticam a pecuária com argumentos que não condizem com a realidade, seja por desconhecimento, seja por generalizarem algo que não é homogêneo. Não resta claro se o fazem por má-fé ou se são apenas manipulados por grupos econômicos que não tem interesse que a carne do Rio Grande do Sul – possivelmente a melhor do mundo – ganhe mais divisas e notoriedade.

Por isso, iniciativas como a Alianza del Pastizal e Alto Camaquã, os programas Campos do Sul (do governo do RS) e Carne Carbono Neutro (Embrapa) precisam ser fomentados e incentivados.

A nosso ver, é necessário um empenho mais veemente de nossos governantes com políticas de incentivo à pecuária tradicional em campos naturais e uma campanha de conscientização para que os consumidores saibam que esta pecuária auxilia a manutenção da biodiversidade, a manutenção do bioma, retém carbono, produz um alimento e matérias primas de qualidade e que garantem renda para milhares de produtores e suas famílias. Além de manter vivos costumes e lidas campeiras da gente do nosso rincão, tão festejados e cultuados por nós.

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